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Succession - como aprendemos a amar pessoas tão detestáveis (com muitos spoilers)

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 Narrativas. Tudo se trata da narrativa. E isso move nossa paixão por uma das melhores séries de todos os tempos - sim, ela está no mesmo patamar de obras-primas como "Breaking Bad", "The Sopranos", "Sons of Anarchy" e outras poucas - e a criação de Jesse Armstrong não decepciona. Quando você começa a ver Succession, chega a ficar mal por estar acompanhando o ponto de vista de pessoas tão ricas e mesquinhas, e chega a se perguntar: "Por que diabos eu tô vendo isso?". Freud talvez não explique. A série se trata de um "Game of Thrones" dos tempos modernos, onde o trono é um conglomerado de comunicação multibilionário, a Waystar Royco, que é tipo a Disney misturada com a CNN, cujo dono e CEO da parada, Logan Roy, o sempre brilhante Brian Cox, da franquia dos X-Men, encontra-se rodeado dos mais tenebrosos e ambiciosos puxa-sacos de que se tem notícia, e também de pessoas sempre dispostas a tomar o seu lugar em seu reinado, dentre estes, seu

Andor - a maravilhosa série com selo Star Wars que mostra o início da coalizão rebelde contra o fasc... o império.

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 Confesso que ultimamente eu andava meio cansado das produções com selo Star Wars. Gostei de "The Mandalorian", mas não via nela uma série profunda. Era só uma série bem gostosa de assistir e que se apoiava na muleta da nostalgia, e esse cansaço se deu principalmente em 2019, quando vi ao último filme da última trilogia da franquia, e sobre o qual eu fiz um pequeno texto aqui .    Ao ser anunciado o trailer de "Andor", não tive muita empolgação, e por isso nem tive vontade de ver o tal trailer. Depois de "Kenobi", seria só mais uma série cheia de conveniências de roteiro e de efeitos bonitos. Os episódios foram saindo e eu fui deixando de lado, até que um dia, quando não tinha nada pra ver ou fazer, resolvi dar uma chance. E como é bom estar enganado. Talvez "Andor" não seja só a melhor série de "Star Wars" já feita. Talvez ela seja a melhor série do ano. Duvida? Então eu te dou algumas razões pra isso. Sabe quando você assiste a algo e

Ruptura - escravo na vida pessoal e escravo na vida profissional

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 Você já imaginou se pudesse dividir a sua vida em duas partes? Em uma você seria um cara que viveria normalmente, tendo apenas que ir ao trabalho todos os dias, porém, ao chegar em seu local de trabalho, você esqueceria totalmente a sua vida normal e viveria sua outra vida, uma em que você vive apenas para o trabalho. A parte de você que trabalha nunca afetaria a parte de você que vive normalmente, porém, o contrário seria possível. Ou seja, se quisesse, você, em sua vida normal, poderia pedir demissão. Porém, como pedir demissão de algo que você nem se lembra? Como pedir pra sair de um ambiente que, aparentemente, não te afeta em sua vida pessoal de forma negativa? Já imaginou? Parece interessante, não é? E é. Pois a série "Ruptura" imaginou pra gente e traz essa premissa muito louca. E nosso "guia" nessa história é Mark S., vivido por Adam Scott, que se torna líder de um departamento em uma obscura empresa. Sua vida, e a de muitos que trabalham nessa empresa, é l

Não olhe para cima (Don't look up) e a paródia da vida real.

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  Paródias! Tem quem ame, tem odeie e tem quem é indiferente. É difícil fazer rir. Mais difícil ainda quando se trata de contar histórias que resvalam na realidade, e principalmente, quando a realidade está passando por momentos tão conturbados quanto os que estamos passando agora. Não olhe para cima (Don't look up. Netflix. 2021) tenta fazer isso, e dependendo do tipo de público que você seja, ele consegue (eu ri bastante, apesar de me incomodar muito em algumas partes). Escrito e dirigido por Adam McKay, o mesmo do ótimo "A Grande aposta" e do bom "Vice", o filme conta a singela história de cientistas que tentam avisar ao mundo de uma desgraça que está para ocorrer, enquanto o governo se preocupa apenas com seus interesses econômicos ou políticos, e o público está ocupado demais com fofocas de estrelas da música e tem a capacidade cognitiva de entender apenas memes de internet. A desgraça em questão se trata de um meteoro que está seguindo um caminho "sua

Soul - podemos curtir a vida adoidado (ou não).

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  Numa pequena cena pós-créditos, uma alma diz ao público: "Vocês ainda estão aqui? O filme já acabou". Sim. Quem é ligado na sétima arte sabe que essa cena faz uma referência à maravilhosa comédia oitentista "Curtindo a vida adoidado", na qual um adolescente resolve juntar sua namorada e seu melhor amigo hipocondríaco pra passar um dia apenas curtindo a vida. E aí a gente se pergunta: por que algo tão simples gera um filme de tamanho sucesso? E qual a ligação dessa comédia com esse novo filme da Disney/Pixar, lançado neste dia 25 de dezembro na plataforma de streaming Disney+? Bem, "Soul" resolve lançar uma luz sobre essa questão ao abordá-la mais uma vez, só que de forma sensível, algo que já é esperado nos filmes da produtora, principalmente saindo da direção de Pete Docter, o mesmo por trás de "Up -  Altas aventuras".   "Soul" conta a história de Joe Gardner, um homem apaixonado por música, principalmente pelo jazz, que vive uma vid

Dez filmes ótimos fora do eixo E.U.A./Inglaterra

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Óia eu aqui de novo!!! Bem, minhas gentes, hoje eu vou sugerir algumas dicas pra você que tá cansado de filmes formulaicos americanos (nem todos são, mas vocês sabem, né?!). Eu sei que o cinemão americano é que leva a galera pros cinemas, que eles têm um poder cultural imenso, que desenvolveram um status dentro da cultura pop que dificilmente vai ser quebrado, com suas gigantescas explosões, seus dramas épicos e suas frases de efeito, mas outros países também têm adquirido um potencial de levar as massas aos cinemas, mesmo com filmes um pouco menos comerciais. Com diretores e roteiristas antenados com as linguagens cinematográficas, e profissionais que fazem o melhor dentro dos aspectos técnicos, mesmo com uma grana mais curta se comparado ao poder industrial norte-americano, o cinema fora desse eixo está se abrangendo, trazendo ao público novas formas de ver o mundo, e isso é sempre interessante. Aqui vão dicas de dez filmes de fora do eixo Estados Unidos e Inglaterra que vocês podem

Cobra Kai - Acerte primeiro (!); Acerte forte (!!); Sem misericórdia (!!!!!!). Será mesmo?

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    Vou ser sincero. A série Cobra Kai é novelesca, piegas, cheia de filosofia de caminhoneiro, cafona..., ou seja, tudo que os anos 80 tinham de melhor. E talvez por isso mesmo ela funcione tão bem. Inicialmente produzida para o Youtube Premium, Cobra Kai foi adquirida pela Netflix e, no canal vermelhinho, tá fazendo um enorme sucesso. Mas por quê? Ela parece tão deslocada no tempo. Bem, ela é e não é. Pra início de conversa, poucas obras foram tão divertidamente subvertidas como foi essa série. Karatê Kid - A hora da verdade é um filme divertido e, com certeza, mora no coração de muita gente véia como este que vos escreve, e depois de várias continuações que foram caindo em qualidade a cada novo filme, a série foi um sopro de inventividade.  Agora nós vemos a história do ponto de vista de Johnny Lawrence, o loirinho marrento que toma umas porradas de Daniel Larusso no filme, interpretado por William Zabka. É interessante perceber que, como muita gente que cresceu nos anos oitenta, pa