Carta ao Sr. J. J. Abrams

 

 

Caro Sr. Abrams,

Dificilmente esta carta chegará até suas ocupadas mãos, mas mesmo assim teimo em digitá-la. Demorei bastante tempo para digerir o último filme da saga Star Wars, o tão esperado "A Ascensão Skywalker". O trailer era lindo, tinha aquele aspecto de despedida, algo que nós, fãs de SW, estávamos esperando (ingenuamente, confesso); tinha aquela bela montagem que, infelizmente, era muito mais enganação do que realmente conteúdo. Não que o filme seja ruim, vejo ali traços de uma grande obra cinematográfica digna do que queremos ver em Star Wars, mas ficou muito longe de chegar lá.

Pra início de conversa, minha primeira crítica é basicamente sobre a conexão entre "A Ascensão..." e "Os Últimos Jedi". Simplesmente não existe. Citaram uma manobra Holdor ali, a morte de Luke acolá, mas me entristece saber que algo poderia ter sido entregue. Temos sorte de ter um elenco empenhado, o que posso atribuir também à direção. Cenas de ação muito bem elaboradas. Mas personagens entraram sem nenhum contexto, com uma fina base narrativa pra tentar justificar algo. Outra coisa que achei bem ruins foram as péssimas reviravoltas. Parecia que um personagem iria morrer..., não morreu. Parecia que outro explodiu..., não explodiu. Parecia que outro perderia completamente toda a memória..., recuperou tudo. Tudo pra agradar esse fã chato que não sabe evoluir e que ficou desgostoso com "Os Últimos Jedi". Tudo bem, confesso que não foi fácil gostar do filme do Ryan Jhonson como foi gostar do primeiro dirigido por você, mas pelo menos, a cada revisitada que eu dei no filme do meio dessa trilogia da Rey, eu via ali um campo aberto de infinitas possibilidades pra onde a história poderia se encaminhar. Você escolheu a mais óbvia delas. Pegou um vilão clássico, colocou algumas missões no maior estilo dos games (fulano enfrenta pequenos desafios até chegar ao maior), juntou com outros personagens também clássicos, mas muito mal inseridos na trama, limou tudo o que tinha de interessante no filme anterior, e colocou pra gente assistir. A decepção não foi completa. Confesso que algumas lágrimas rolaram, mas mais por eu ser fã do que realmente pelo filme ser muito emocionante, mas também confesso que senti vontade de te matar só um pouquinho.

Bem, essa vontade já passou. Se eu não soubesse como as coisas devem funcionar aí em Hollywood eu poderia te escrachar como diretor pelo resto da vida - duas coisas me ocorrem: eu só IMAGINO como as coisas funcionam lá em Hollywood; e eu sei que não sou ninguém perto de um diretor do quilate de J.J. Abrams, portanto, o que eu sinto ou deixo de sentir sobre o trabalho dele não fará diferença nenhuma pra ele - mas sei que você trabalha como diretor, porém, se dirige aos grandes chefes daí, os produtores, aqueles executivos da Disney, sob o comando da poderosa Kathleen Kennedy. Eu imagino o quanto foi de dedo dessas pessoas e o quanto teve de culpa sua no filme. Pois só mesmo esses executivos pra fazer você inserir aquela pequena cena com os Ewoks, e quem acompanha seu trabalho, tanto como roteirista quanto como diretor, sabe que você simplesmente odeia os Ewoks, e também imagino que aquele ridículo beijo não deva ter sido ideia sua. Sim, aquele beijo inútil e sem propósito algum na trama. Eu enxergo Rey e Kylo como dois irmãos em lados opostos, mas que se amavam. É difícil ver os dois como um homem e uma mulher apaixonados um pelo outro.

Bem, como já foi dito acima, não é um desastre completo, mas foi um filme agridoce de um jeito ruim. Algo que eu, como consumidor de cultura pop, já tinha experimentado em  2019 com Game of Thrones. Foi um pouco demais pra mim. No entanto, vou continuar vendo e revendo os filmes até não conseguir mais, pois quem aguenta rever "O Ataque dos Clones" mais de uma vez pode aguentar qualquer coisa (menos "Solo". Tudo tem limites). 

Fã é fã.

Atenciosamente,

 Bob Dias

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