Planeta dos macacos - o confronto


                   
                     Eu sempre disse que a ficção científica muitas vezes retrata melhor a condição humana do que muitos dramas.  Este "O Planeta dos Macacos - o confronto" ilustra muito bem essa afirmação.
                     Quase ninguém no Brasil conhece o livro no qual o filme original foi baseado, escrito pelo francês Pierre Boulle, em 1963. E é incrível como a alegoria sobre intolerância continua tão atual. E quando vemos filmes como esse, é impossível, pra quem tem o mínimo conhecimento em atualidade e história, não fazer uma analogia sobre os acontecimentos na faixa de Gaza. E o que nos deixa mais tristes é o quão real é a metáfora mostrada no filme. E por esse cinema, que, apesar de entretenimento, nos faz refletir sobre o que ocorre ao nosso redor, é imensamente prazeroso escrever a respeito.

                Na história, que começa com uma introdução onde se explica o que houve desde os acontecimentos do filme anterior, vemos como os macacos se uniram numa sociedade bem organizada e, a princípio, pacífica, após um vírus criado pelos humanos ter dizimado uma boa parte destes. A sociedade dos símios encontra-se isolada dos poucos humanos que restaram. Estes, por sua vez, adentram a mata onde os macacos vivem com o intuito de encontrar uma fonte de energia que há muito parou de funcionar. Desse encontro entre humanos e símios, começa a se configurar um pequeno conflito, onde humanos defendem a guerra e outros ponderam esse tipo de ação, e onde os macacos, que são liderados por um mais experiente César (magnificamente interpretado por Andy Serkis, que há muito já merecia ser premiado), discutem acerca da necessidade de uma guerra. E é notável perceber que são as pequenas ações de quem não quer a paz ou não pensa nos inocentes que podem morrer apenas para saciar seu extremismo idiota (ou será que o Hamas pensou nos inocentes da Palestina ao atacar Israel?) que incitam o que a maioria não quer.

                      É interessante perceber que, durante a projeção, não torcemos exatamente por um lado ou por outro. Haverá a guerra, que foi iniciada de forma idiota, mas que pessoas (ou no caso, macacos e pessoas) incapazes de refletir além de seu ódio pelo diferente vão dar continuidade, através de provocações e contra-ataques desnecessários.

                       Um fator a se elogiar nesse filme são os efeitos especiais, que realmente não parecem ser meros efeitos, de tão perfeitos que são. A direção de Matt Reeves só demonstra que cada vez mais esse cineasta se torna uma das grandes revelações do cinema americano. Ele já demonstrara força e personalidade ao dirigir "Cloverfield - o monstro", comprovando seu talento na sensível refilmagem do ótimo drama de terror sobre uma vampira mirim: "Deixe-me entrar".

                 Alguns diálogos excessivamente expositivos incomodam, mas não chegam a comprometer. O elemento humano também é um elo fraco nesse maravilhoso filme. Mas o roteiro amarra perfeitamente as pontas, não trazendo soluções fáceis para os conflitos ali iniciados, porque na vida, nem tudo tem uma solução. E quando vemos o semblante preocupado de César em certo ponto da trama, após este admitir que a guerra vai continuar porque os humanos "não vão perdoar", entendemos o difícil papel de um líder que tem de defender os seus de uma forma tão violenta, mesmo sendo esse líder um pacifista.

Abraços e até a próxima,

Roberto Dias

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