Tropa de elite - fome de Oscar
Quando eu falei aqui do filme Tropa de elite, eu fiz a menção do quanto o roteiro é perfeito em termos de cinema de ação brasileiro, até mesmo para padrões internacionais. O filme de José Padilha criou o herói do povo brasileiro, que foi muito criticado por sociólogos e humanistas por ser truculento e não usar a razão. Muitos chegaram a dizer que o filme deixava de lado as falcatruas do governo para exultar a corporação policial de elite, o BOPE. Pura besteira. O filme é ótimo e mete o dedo na ferida sim, e eu derrubo qualquer argumento contra. Mas o caso aqui é saber explicar o porquê do filme não ter entrado pra lista de finalistas do Oscar. Te digo que não é porque os votantes da academia são conservadores e moralistas, republicanos que repudiam críticas às formas mais controversas de arte, o vanguardismo, já que esse não é o caso do filme em questão.
Na verdade, a trama de Tropa de Elite 2, apesar de ter uma séria contundência em nossa realidade, não traz exatamente uma narrativa de catarse universal. O filme é sim magistral em termos de técnica, de roteiro, de atuações - e esses quesitos deveriam ser premiados com certeza - mas os americanos produzem esse tipo de filme o tempo todo. Diretores de quilate já produziram obras policiais em que os homens da lei enfrentam todo o tipo de casos com narcotraficantes, sequestradores e até contra eles mesmos. Quando a pegada era mais humanista, o filme até angariava uma boa quantidade de prêmios, caso do maravilhoso L. A. - cidade proibida, de Curtis Hansom. Mas geralmente esse tipo de filme se enquadra apenas em premiações técnicas. As premiações no Oscar pelo filme estrangeiro geralmente se dava em casos de filmes que contavam histórias edificantes e cheias de referências culturais, como foi O tigre e o Dragão e O fabuloso destino de Amelie Poulain. Ou de filmes que exploram a emoção através do ponto de vista de crianças, como foi o caso do Tcheco Kolya, ou até mesmo do italiano A Vida é bela. Eu digo isso pra salientar que o filme não perde em nada por estar fora da lista de finalistas do Oscar. Aliás, devemos nos orgulhar de um filme brasileiro que fez tanto sucesso nos cinemas da nossa terra. Assim percebemos que nossa técnica é boa e que nossos diretores tem valor. Tanto que José Padilha foi pros States dirigir nada mais nada menos que a refilmagem de um clássico dos anos oitenta, Robocop. O rapaz tem moral.
Belos argumentos! :)
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