Melancolia

No universo de Lars Von Trier, as mulheres são sofredoras e os homens são fracos. Elas suportam até o limite todas as dificuldades que lhes são impostas. Eles caem no choro ou fogem de alguma forma quando as coisas não estão nos eixos. Foi assim em Dogvile, em O Anticristo e continua sendo assim com esse Melancolia. O filme começa com um apanhado de cenas que, à primeira vista, parecem sem sentido. Justine, interpretada com muita competência por Kirsten Dunst, é uma mulher complexa e atravessa uma fase de depressão justamente na noite do casamento. Vemos seu sorriso falso esbarrar na sua vontade de desabar, pois ela parece sempre carregar o mundo nas costas. Assim como em O Poderoso Chefão, uma boa parte da trama se passa durante uma festa de casamento, no caso aqui, essa festa de casamento toma a primeira metade do filme, que é dividido em dois episódios. É ali que conhecemos a mãe de Justine, a seca e ranzinza Gaby, seu alegre pai e, principalmente, sua amedrontada irmã, Claire, com interpretação magistral de Charlotte Gainsburg, Claire é a alma do filme e protagonista das melhores cenas e dona do segundo episódio do filme. Ela é casada com o milionário John. E ela tem medo do fim do mundo. Sim. É nesse epísódio da película que ficamos sabendo que o filme é sobre um iminente fim do mundo. Mas ao contrário de filmes como Independency Day e 2012, aqui não há aquela histeria digna de filmes de ação. Trier aproveita a deixa para um brilhante estudo de personagens.

Um planeta chamado Melancolia se aproxima da Terra. Alguns acreditam no choque entre os dois planetas. Outros, que o planeta viajante vai passar pela Terra. Claire sofre com essa dúvida, enquanto Justine parece querer que o mundo acabe, pois ela não vê outra forma das coisas melhorarem para ela e para o mundo. O filme se concentra basicamente nas personagens de Justine, Claire, John e o pequeno Tim, filho de Claire com John. A cena em que Claire fica desesperada com o iminente fim do mundo é de dar medo. Charlotte Gainsbourg dá tudo de sí e sua carga dramática é de dar arrepios.

A música de Vagner pontua boa parte da trama. Trier e sua câmera digital sempre na mão insere a platéia no drama dos personagens e nos traz emoções genuínas.

Ainda não chega a ser tão bom quanto Dogvile, mas é uma brilhante mistura de ficção científica com drama.

Por

Roberto Dias

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