Um lugar silencioso

Há quanto tempo eu não passo por aqui. Primeiro pela falta de tempo, segundo pelo excesso de tarefas. por isso esse blog está sofrendo um sério caso de inanição. Mas, depois de ver a este "Um Lugar Silencioso", fica difícil não falar, nem que seja um pouquinho, sobre este filme que impressiona pelo pouco que oferece em termos de complexidade narrativa, mas muito em termos de emoção. Dito isto, vamos ao filme.
"Um Lugar Silencioso" é o tipo de filme que começa in media res, ou seja, no meio dos acontecimentos. Nos é apresentada uma família e através de pequenos recortes de jornais e anotações ficamos nos orientando sobre o que ocorreu até aquele ponto da história. O mundo parece ter sofrido um ataque do que provavelmente são criaturas alienígenas. Cegas, mas extremamente velozes e com audição extremamente aguçada, esses seres praticamente dizimaram a humanidade. Dentre os poucos sobreviventes, o foco está na família Abbott. Eles vivem numa fazenda, em algum lugar do meio-oeste americano. Um dos membros da família é surdo, e talvez por isso tenham, até aquele momento, escapado dos monstros, que se guiam pelo som para pegar suas vítimas. E esse é o grande trunfo do filme: o som, ou a falta dele.
A imensa maioria dos filmes de terror se utiliza do som para causar medo ou desconforto. Filmes como "O Exorcista" ou "Invocação do mal" apelam para barulhos sinistros no intuito de buscar o susto. Os jump scares nada mais são do que um efeito de som que aparece repentinamente, bem alto, junto a algum elemento do filme, para causar um pulo de susto no espectador. No entanto, esse elemento, na maioria das vezes, é mal utilizado e sem criatividade. Mas aqui a coisa funciona exatamente porque é o som, qualquer som mais alto, que pode causar tensão. E o espectador é jogado lá, com a família Abbott, sempre à espera do próximo ataque, mas desejando que os personagens tomem o máximo de cuidado para não fazerem barulho, tanto é que no cinema as pessoas permanecem caladas, o que é impressionante, tendo em vista a nossa conhecida (falta de) educação nas salas de cinema.
John Krasinski dirigiu o filme e o estrelou como o patriarca, Lee Abott. Sua mulher, Emily Blunt, estrela de filmes como "Sicario", faz Evelyn Abbott, e seus filhos são interpretados por Noah Jupe, o Marcus Abbott, e Millicent Simmonds, que faz a Regan Abbott. Sobre as atuações, posso dizer com certeza, Emily Blunt, em algumas cenas, nos deixa tão tensos que ficamos a ponto de cair da cadeira, isso com a câmera focada apenas em seu rosto. Krasinski e Jupe cumprem bem o seu papel, mas o destaque vai para a pequena Simmonds. Surda na vida real, ela dá um verdadeiro show, e o arco de sua personagem é maravilhoso, pois ela parece perder o contato com a família após um incidente, e isso faz com que a mesma se sinta culpada. O ato final nos mostra não apenas o fechamento do filme, mas como ela vence sua pequena batalha contra as suas culpas, mesmo que essa vitória traga a tragédia para a família. Uma atriz menos talentosa poria tudo a perder.
"Um lugar silencioso" tem uma narrativa simples, é corajoso por não contar muito, pois confia na inteligência de seu público, e traz um ato final de gelar a espinha. Veja no cinema, de preferência numa sala com o melhor sistema de som possível. Um filme assim consegue agradar aos fãs do cinema pipoca e de cinema mais cult como poucos, sabendo utilizar muito bem o conceito do "menos é mais".


Um abraço e até a próxima!

Roberto Dias

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