Star Wars - Os Últimos Jedi.
Bem, meus poucos e queridíssimos
leitores, quem me conhece de verdade sabe que sou um fã da franquia Star Wars
desde que me conheço por gente. Aliás, posso dizer que a franquia original que
se iniciou em 1977 é a principal responsável por eu enxergar o cinema não
apenas como entretenimento, mas, também, como terapia e aprendizado. Uma forma
de arte que, como costumo dizer, me ensina a ler a vida ao meu redor. Dito
isso, vamos ao filme: Os Últimos Jedi é a continuação da nova saga Star Wars
após a trilogia anterior que mostrava a derrota e queda do Império Galático provocadas
pela rebelião com a ajuda do jovem Luke Skywalker.
O Despertar da Força, filme
anterior da saga, juntou novos personagens com os antigos para trazer novo
fôlego ao rico universo de Star Wars, além de apresentar a saga às novas
gerações após o fiasco artístico que foram as prequels.
Este aqui continua a história de
Rey, que se engaja na resistência após a Nova Ordem tomar o controle da
galáxia, descobrindo que tem poderes que não entende. Ela vai até Luke
Skywalker para aprender sobre esses poderes e sobre a Força. Enquanto isso, a
resistência enfrenta a Nova ordem, que segue em seu encalço.
Quando assisti ao filme “Looper”,
dirigido pelo atual comandante de Star Wars, Rian Johnson, me lembro de ter
sentido estar vendo mais um filme genérico de ficção científica qualquer e, de
repente, a história joga um plot twist que me prendeu a atenção até o final. E
aqui tenho que confessar algo: Os Últimos Jedi sofre basicamente do mesmo mal.
Os primeiros quarenta, cinquenta minutos do filme são extremamente irregulares,
no roteiro e na edição, isso sem falar da notória falta de timing cômico do
diretor. Piadas são lançadas não de forma conveniente, para nos aliviar de uma
tensão extenuante, por exemplo, mas acabam por nos tirar qualquer traço de
comprometimento com o que está sendo colocado na tela. Ele parece não levar a
história à sério, e isso é um risco em se tratando de Star Wars. Com essas piadas,
feitas em excesso e em momentos totalmente inoportunos, o diretor parece estar
tentando ganhar a estima do público através do humor, que algumas vezes beirava
o infantilóide. Eu já estava pensando “isso aqui não é filme da Marvel, cara.
Não precisa disso”. Algumas, para ser justo, principalmente que dizem respeito
ao treinamento de Rey, fazem um certo paralelo com “O Império Contra-Ataca”,
quando Luke encontra o Mestre Yoda em Dagobah.
Certas cenas de ação me remeteram
às prequels, principalmente as que envolviam a “missão” de Finn e de uma
personagem nova, Rose Tico. Outras situações foram jogadas aleatoriamente na
história, além de alguns personagens que pareceram (Cof, cof, Benício Del
Toro...) sem função alguma. Outros dois personagens que haviam aparecido em “O
Despertar da Força”, prometeram muito, e entregaram quase nada, continuaram sem
entregar quase nada nesse. Aliás, um deles foi uma decepção total pela falta de
explicações mais plausíveis em relação a ele e pela incoerência em relação ao
que foi prometido no filme anterior. E quando eu estava quase na fase do
“enfadado” disso, eis que a história engrena uma quarta marcha.
Quando o filme começou a se concentrar
no embate quase espiritual entre Rey e Kylo Ren, tudo foi se encaixando, se
tornando o que Star Wars deveria sempre ser, um filme de fantasia sobre
misticismo em meio ao desenvolvimento científico de um universo muito diferente
do nosso. Diferente nos apuros tecnológicos, diferente nas criaturas, mas não
diferente na essência humana, mesmo com tantas coisas (e criaturas)
alienígenas. Pra não dizer que a primeira parte foi um completo desastre, é
interessante notar o paralelo que o diretor fez entre as feridas da guerra na
saga com as feridas da guerra no nosso mundo real. Outra coisa interessante
nessa primeira parte do filme foram as aparições do impetuoso e fiel piloto da resistência
Poe Dameron, que toma decisões malucas que quase põem a perder a luta contra o
inimigo. É certo que isso concorreu para um certo travamento na história, mas a
atuação sempre vigorosa de Oscar Isaacs vale a pena.
E quando o filme resolve avançar
na história, ele avança mesmo, na velocidade da luz. Aliás, uma das cenas que
envolve um salto para a velocidade da luz é a coisa mais espetacular, visualmente
e emocionalmente falando, que já vi em toda a saga Star Wars, e só seria melhor
se o personagem envolvido naquela situação fosse alguém com quem o público está
mais habituado, como o Almirante Akbar, e não uma “red shirt (explico o termo em
uma nota de rodapé, pois contém spoiler)” de luxo. Outra cena maravilhosa se
passa na sala do Líder Supremo Snoke, é arrebatadora a forma como se desenrola
aquela cena. As cores e a luta que ali se desenrola, parecia realmente que
estávamos assistindo ao melhor filme de samurai.
Posso dizer que Rian Johnson
entrou em um campo de asteroides minado, pois suas decisões como diretor
afetaram tanto este filme como o anterior, e uma delas tem a ver com a atitude
de Luke logo na primeira aparição, que desconstrói todo o envolvimento que o
espectador tinha ao fim de “O Despertar da Força” e quebra qualquer
expectativa. É como se Johnson, através daquele ato, dissesse: “Esqueçam o que
viram em ‘O Despertar da Força’, aqui a coisa é diferente”.
Posso até afirmar que o diretor
tem coragem, no entanto, prefiro os riscos tomados por J.J., que pelo menos não
deixaram nossas expectativas tão quebradas de forma negativa.
SPOILER ALERT:
Red Shirt é um termo criado por
fãs da série Star Trek. Eram personagens novos que apareciam em alguns
episódios, eram desenvolvidos para que o público criasse uma empatia com eles,
e depois eram mortos. Sempre usavam o uniforme vermelho da Frota, por isso o
termo.
Abração e até...
Roberto Dias
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