Dicas para quem tem Netflix
Bom, nessa sessão resolvi postar dicas de filmes para o fim de semana de quem tem Netflix. O objetivo aqui é indicar filmes pouco conhecidos da grande maioria do público ou filmes clássicos, que há muito já saíram da mídia, mas que primam por serem verdadeiras obras de arte, sem nunca perder o que tem a oferecer e que estejam disponível no site de streaming. Vamos começar.
Jogos, trapaças e dois canos fumegantes. EUA. 1998. Dirigido por Guy Ritchie.
O primeiro filme dessa sessão é essa comédia de humor negro e de ação dirigida por Guy Ritchie (Sherlock Holmes) e tendo como um dos atores principais o hoje astro de ação Jason Statham. O filme conta a história de um grupo de quatro amigos que vivem de aplicar pequenos golpes em Londres, mas que acabam se metendo em uma confusão com os maiores criminosos da máfia local. Em dívida e desesperados, eles apelam para um roubo que, sem querer dar spoiler, não acaba tão bem, apesar de eles acharem que sim. O filme se desenvolve lentamente, mas é ágil e também cheio de personagens, tanto que se você não prestar atenção pode perder uma ou outra sacada ou se confundir com a narrativa, tendo em vista os variados caminhos que ela toma, até chegar ao clímax violento e extremamente engraçado.
Um conto chinês. ARG. 2011. Dirigido por Sebastián Borensztein.
Essa pequena pérola do cinema argentino passou despercebida pelos brasileiros, mas deveria ter uma segunda chance, porque é um filme emocionante e engraçado. Aqui temos a história de Roberto, interpretado pelo sempre excelente Ricardo Darín, um comerciante mal humorado, solteirão e que gosta da sua solidão. Certo dia ele cruza com um chinês que não sabe falar espanhol. Sentindo pena do sujeito, ele resolve ajudar o mesmo a encontrar algum familiar. As coisas começam a desandar quando todas as suas tentativas de se livrar do estrangeiro dão erradas. O filme fala de coincidências, de amor ao próximo e de como a vida pode mudar com pequenas atitudes. A narrativa é leve e doce, sem contraindicações.
Em nome do pai. ING/IRL. 1994. Dirigido por Jim Sheridan.
Processos conduzidos por conveniência não são exclusividade no nosso país, e este filme mostra como isso é comum. Em 1974, uma bomba mata cinco pessoas. Três jovens são condenados e presos pelo atentado, mas o fato é que os jovens são inocentes. Rebeldes, eles serviram de bode expiatório para o governo inglês iniciar um processo cheio de controvérsias. Gerry Conlon (Daniel Day-Lewis, sempre arrasando), um dos jovens presos, apela para o pai (Pete Postlethwaite, excelente), um homem pacato e que acredita na inocência do filho. Este, ao tentar ajudar, também é condenado pela justiça inglesa. Entra então, no processo, a advogada Gareth Peirce (Emma Thompson), que enxerga as irregularidades do caso e resolve ajudar os condenados. Baseado em fatos reais, o filme é duro e mostra fatos revoltantes, mas é uma mostra do que são capazes juízes e outros entes públicos cegos pelo ódio ou pelo preconceito.
Fonte da vida. EUA. 2006. Dirigido por Darren Aronofsky.
Darren Aronofsky fez um filme obscuro e brilhante no início de sua carreira (Pi), e depois de ganhar fama internacional ao lançar o visceral Réquiem para um sonho se arriscou nesta narrativa que engloba temas como a busca por Deus, pela vida eterna e pelo amor. Hugh Jackman, o nosso eterno Wolverine, faz o papel de Thomaz Creo, um guerreiro espanhol que busca a árvore da vida para a sua amada rainha Izabel (Rachel Weisz), mas ele também é Tom Creo, um renomado médico em busca da cura para o câncer que está consumindo a vida de sua esposa, Izzi. Jackman também é o viajante espacial Tommy, que mantém sua mulher em suspensão dentro de sua nave transparente, em busca de Deus ou de algo que possa provar sua existência. Metafísica, dor, medo da morte, tudo é abordado de forma sensível no roteiro escrito pelo próprio diretor. É um filme complexo e lento, que foi criticado à época de seu lançamento, mas que merece uma chance no olhar daqueles que buscam uma singela história de amor contada de maneira diferente. Agrada àqueles de coração aberto a novas e extraordinárias experiências.
Glória feita de sangue. EUA. 1957. Dirigido por Stanley Kubrick.
Este é mais um filme sobre um processo de conveniência. Após um incidente durante uma batalha na segunda guerra mundial, todo um batalhão francês desobedece as ordens de seu comandante, pois sabiam que seria praticamente suicídio. O comandante, furioso, determina que sejam condenados cem desses soldados na corte marcial. O general Dax (Kirk Douglas), que além de oficial do exército, é advogado criminalista, tenta impedir esse julgamento, mas o que ele consegue é diminuir para apenas três os soldados que serão julgados na corte marcial. O general e os três soldados, escolhidos aleatoriamente, sabem que o julgamento é mero pretexto para afagar o ego do comandante, que as cartas estão na mesa, e que os três soldados são praticamente homens mortos. É revoltante ver que o processo ignora qualquer defesa dos "acusados", pois estas nada mais são do que formalidades, com a finalidade de alcançar, como diz o título, a glória do exército, perdida com a derrota na batalha. Kubrick, nesse libelo antibelicista, critica de forma impiedosa a guerra e o caos humano por ela causado.
Fogo contra fogo. EUA. 1995. Dirigido por Michael Mann.
Robert De Niro é Neil, um ladrão experiente e explosivo, mas acima de tudo, esperto. Ele e sua gangue praticam grandes roubos em Los Angeles. Porém, um policial obstinado, Vincent Hanna (Al Pacino), entra em cena e caça a gangue como ratos. O jogo esquenta quando Neil se apaixona, quebrando uma de suas regras de conduta. O filme é cheio de doses de ação, mas com uma história que busca se aprofundar nos personagens, tornando-os seres multidimensionais, o que não costuma ocorrer em filmes de ação. As cenas são extremamente bem dirigidas, em especial uma cena de um roubo a banco que termina em um tiroteio de perder o fôlego. Pacino e De Niro são os grandes protagonistas, mas o elenco de apoio, que conta com nomes como Val Kilmer, Ashley Judd, Natalie Portman e John Voight, é perfeito, e a história é conduzida sem tropeços, e culmina numa eletrizante e emocionante cena final.
Espero que gostem das dicas e aproveitem o fim de semana. Qualquer coisa, podem criticar ou escrever aqui o que acharam, ou até mesmo dar mais dicas.
Abraços e até a próxima.
Roberto Dias
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