Star Wars - o Despertar da Força

Falar sobre algo que você gosta independente do resultado é tarefa um tanto quanto ingrata, por isso que começo avisando que eu não só amo Star Wars, como acho que não é só um filme de fantasia, é um evento. E tem sido assim desde o lançamento do primeiro filme, em maio de 1977. No entanto vou me ater a critérios mais técnicos para avaliar o filme.

J. J. Abrams, em suas produções para TV, sempre se mostrou um fã da franquia criada por George Lucas (o personagem Hurley, da série "Lost", por exemplo, era um nerd apaixonado pelos filmes). Tanta paixão poderia vir a atrapalhar o desenvolvimento da história por se prender demais a elementos dos filmes clássicos, não deixando a mitologia evoluir. Pois bem, neste "O Despertar da Força", Abrams consegue alimentar aquele lado fã com louvor, criando várias rimas narrativas, principalmente com o filme original, "Uma nova esperança", bem como introduz novas situações e personagens com competência. Os mistérios jogados no filme são interessantes, porém lembremos que quando J. J. Abrams trata de mistérios, a coisa não costuma terminar bem, vide "Super 8" e a já citada série "Lost". Mas, a princípio, o roteiro é bem coeso e cheio de ação. Os novos personagens são muito bem apresentados e os atores o defendem com maestria. John Boyega e seu Finn é uma grata surpresa, que serve de elo humorístico à história. Daisy Ridley traz a dose certa de emoção e mistério nos quais é envolta a sua personagem, Rey. São atores novatos e impressiona a forma como os personagens se completam. Poe Dameron, personagem interpretado por Oscar Isaac, aparece pouco, o que é uma pena, pois ele é tão cheio de energia e vigor que ficamos querendo ver mais. E quanto aos clássicos, a ex-princesa, agora General Leia, fica ali, nos bastidores. Participa pouco da ação, e isso talvez seja um pecado pro fã mais xiita, que sempre via a personagem como uma mulher forte e ativa. Mas se você pensar bem, é melhor assim. É importante a passagem dos respectivos mantos. Quanto a Han Solo, poucas vezes eu vi, nos últimos dez anos (se é que vi), Harrison Ford tão bem em um papel. Ele está à vontade. É de extrema importância para o desenrolar do filme. E de Luke Skywalker (Mark Hamill), o que posso dizer? Bem, ele é simplesmente uma espécie de "McGuffin" do filme (quem curte cinema sabe o que é isso). Pelo menos dois personagens pareceram mal desenvolvidos, o que poderá ser corrigido nos próximos filmes. O vilão Kylo Ren, interpretado pelo ator Adam Driver, mostra a que veio, especialmente em uma cena que se passa em uma ponte e outra no começo do filme. Os efeitos sonoros e especiais são dignos da saga (e eu não falo da segunda trilogia dirigida por Lucas, e sim da original). No entanto, percebe-se que Abrams não quis se prender a inovações tecnológicas, como fez George Lucas na segunda trilogia. Só pra exemplificar, em uma cena de perseguição, chegamos a ver uma mira em um computador que foi utilizada no filme de 1977. O filme tem erros, como por exemplo, a falta de explicação de algumas situações que estavam em desenvolvimento, e também a estrutura narrativa ser exatamente igual ao "Uma Nova Esperança", mas estes são poucos diante de tantos acertos. É um filme de ação. É escapista, mas é um filme feito de fã para os fãs, e principalmente para atingir os novos fãs, sem ofender os mais velhos, e isso era tudo o que esperávamos de Star Wars. Só por isso, e por sua coragem em alguns pontos da narrativa, me levanto e aplaudo J. J. Abrams.

Abraços e até a próxima.

Roberto Dias