Missão Impossível - Nação Secreta ou o engessamento dos filmes de ação em Hollywood.
Missão impossível - Nação Secreta
Dirigido por: Christopher McQuarrie. Com: Tom Cruise, Simon Pegg, Jeremy Renner, Vingh Rames, Rebecca Ferguson, Alec Baldwin.
Dirigido por: Christopher McQuarrie. Com: Tom Cruise, Simon Pegg, Jeremy Renner, Vingh Rames, Rebecca Ferguson, Alec Baldwin.
Em uma cena do filme "Cães de aluguel" um personagem explica a outro sobre a importância dos detalhes ao se criar uma história para que ela pareça o mais coerente possível. Quando não se presta atenção a esses detalhes ocorre o que chamamos de "furo no roteiro".
Praticamente todos os filmes, principalmente os grandes blockbusters, tem furos no roteiro. Alguns são mínimos, mas em outros esses furos são tão demasiados, ou tão grotescos, que podem prejudicar o que chamamos de suspensão da descrença, que é quando alguém (um espectador, ou um leitor) resolve inferir que o que acontece naquele mundo fictício (no cinema, na literatura, na TV) é uma realidade. Vejamos algo que ocorre geralmente em filmes como "Missão Impossível": em uma certa cena o personagem Ethan Hunt (vivido com vigor por Tom Cruise, algo que eu comentarei mais a frente) encontra-se totalmente perdido por saber, através de uma ligação telefônica com o amigo Benji (Simon Pegg) que sua agência secreta, a IMF, foi dissolvida pelo governo americano e ele (Hunt) é considerado fugitivo desse governo. Ele larga, desolado, o telefone, sai da cabine, e parece ficar sem saber que rumo seguir. Nós o vemos ali, descalço, com roupas rasgadas, abandonado pelo próprio governo e pensamos: "O que ele vai fazer agora?". Algumas cenas depois, ele arma toda uma situação se utilizando de alta tecnologia do governo que, imagino eu, um fugitivo altamente procurado tenha total dificuldade em obter. Ele ainda envolve o amigo Benji em suas ações. Aí eu fico me perguntando como ele teve acesso àquilo tudo? Onde ele arrumou dinheiro para as roupas, para se esconder e para viajar, por exemplo, da Áustria até Londres, sem ser detectado pelos americanos que o estão caçando? Esse é só um dos inúmeros furos que eu percebi no filme. Mas... isso faz de "MI - Nação Secreta" um filme ruim? Não. Apenas me deixa encucado de pensar em como um roteirista tão bom quanto Christopher McQuarrie (que roteirizou o excelente thriller "Os suspeitos", de 1995) não se atentou a esses detalhes. Aliás, além de roteirista, McQuarrie assume o comando na direção dessa franquia, que já teve nomes como Brian De Palma e John Woo na cadeira de diretor. E McQuarrie não fez feio. As cenas de ação são bem conduzidas, e as reviravoltas, que são praxe em filmes como esse, são satisfatórias. Mas o que faz esse filme ser mais interessante do que "Velozes e furiosos 7", por exemplo? Nada. As cenas são empolgantes e o entretenimento é até válido, e convenhamos, esse tipo de filme é que alimenta o cinema, mas esse não é o tipo de filme que vá fazer você pensar, que vá tirar você da zona de conforto ou fazer você ter algo mais do que sensações rasas de empolgação. É algo como uma montanha russa fraquinha com as mesmas curvas de sempre, o que acaba levando você a se anestesiar, ou pior, anestesiar sua mente, seu senso crítico, seu olhar do mundo. Diverte, mas chega a ser cansativo pela mesmice apresentada. Efeitos especiais na maioria das vezes caprichados, piadinhas na maioria das vezes bem infames, cabuuuum, e plots esperados, fazem a fórmula redondinha do sucesso. Eu me pergunto, onde estão os John Frankenheimer dos nossos tempos, com aquele cinema de ação que faz pensar e se empolgar?
Em tempo, o filme narra a luta de Ethan Hunt para provar a existência de uma agência do mal chamada "O Sindicato", que pretende se tornar uma nação soberana, independente financeiramente, ou algo assim.
Aliás, as peripécias de Tom Cruise são realmente de tirar o chapéu e aplaudir de pé. Como eu disse antes, sua atuação é vigorosa e você percebe que Tom Cruise É (maiúsculo mesmo) o agente Ethan Hunt. A cena do avião, que foi feita sem efeitos visuais e sem utilização de dublês, é impressionante. E ainda tem outra cena, que envolve motocicletas, que é de arrepiar. Ver Tom atuando como o agente que ele parece ter nascido pra ser faz uma boa diferença. O resto é mais do mesmo.
Até a próxima!
Roberto Dias
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