Mad Max - a estrada da fúria: crítica

Mad Max - fury road. Direção: George Miller. Com: Tom Hardy, Charlize Theron, Nicholas Hoult.

Cenas do último capítulo: Max acaba em um lugar com várias crianças, que estão aos cuidados de Anna Goanna, uma mulher cheia de esperança que deseja levar os pimpolhos a um lugar melhor que a Terra devastada onde vivem, mesmo sendo um oásis, procurado pela vilã do filme. Uma espécie de recanto para a Wendy e os garotos perdidos. Mas Max estava longe de ser Peter Pan, e a história estava longe de ser uma fantasia de ninar.

30 anos depois, o diretor septuagenário George Miller mostra que ainda corre ácido de bateria em suas veias, após andar bem comportado com seus "Baby - o porquinho atrapalhado" e "Happy Feet" da vida. Aplaudam, pois Max está de volta, agora na pele de Tom Hardy, o Bane, de "Batman - o Cavaleiro das Trevas ressurge".

Na história, Max acaba capturado e entra sem querer numa guerra insana. Aliás, Max é apenas uma espécie de "escada" pra que a história aconteça. No primeiro filme, Max foge e só entra na briga pra vingar a morte da família. No segundo, já na Terra devastada, Max quer apenas gasolina pra continuar sua vida de nômade, e acaba numa batalha que não é sua. No terceiro, ele foge da "Cúpula do Trovão", dominada por ninguém menos que Tina Turner, e se esconde junto aos "garotos perdidos" e Anna. Neste, em sua tentativa de fugir, ele se envolve também na fuga de Furiosa, interpretada com fúria (me perdoem o trocadilho) por Charlize Theron, e acaba sendo uma ajuda pra moça. Não, ela não é uma donzela em perigo. Aliás, Furiosa é a personagem feminina mais forte do cinema desde a Tenente Ripley, da série "Alien" (e eu não me esqueci de Sarah Connor). Ela é praticamente a protagonista da trama, que envolve também Nux, papel de Nicholas Hoult (o menino de "O grande garoto"), e o vilão assustador Immortan Joe, que persegue Furiosa por ela ter levado suas mulheres, chamadas no filme por algo que pode ser traduzido por "parideiras".
O filme é cheio de referências aos outros filmes da franquia, mas você não precisa ver todos para entender a história. O fato é que este é muito mais energético do que eles. A loucura estampada no título está em cada fotograma: do mutante tocando guitarra em um carro cheio de caixas de som ao anão velho que chama Immortan Joe de "pai". Das seitas religiosas, mas sem um deus específico, à poeira e ao sangue. Fora as cenas de batalhas nos carros alterados, e que cenas. Tudo ao melhor estilo Mad Max. Aliás, o design de produção é simplesmente espetacular. Além, é claro, da belíssima fotografia.
Sobre as cenas de ação, acho que o australiano George Miller já pode dar uma aula de mise-en-scène pra outros diretores bem mais jovens que ele. Tudo ali é crível e frenético ao mesmo tempo. Nós temos a noção de tudo o que está acontecendo ao redor pois, ao contrário de  outros filmes de ação, esse não faz um corte a cada dois segundos. Os efeitos especiais são práticos e não fazem o espectador escapar da trama com cenas absurdas demais.
No meio dessa loucura, o caladão Max fica meio que de lado na história, não sei se porque Mel Gibson realmente fez um ótimo trabalho ao sintetizar o insano olhar do cavaleiro (motorista) solitário, tal qual o homem sem nome de Clint Eastwood, coisa que Tom Hardy parece tentar fazer e não consegue, ou se realmente os personagens secundários são tão bons que fica difícil dar crédito a alguém tão sem esperança e egoísta (mas nem tanto) como Max. No fim, a mistura de areia, aço enferrujado e sangue funciona bem. Aliás, esse é o melhor filme de ação Hollywoodiano do ano até agora, e por isso eu digo: que venham mais insanidades do Louco Max.

Roberto Dias

Comentários

  1. Fiquei impressionada com Mad Max, e por mim, ficamos por aqui, para virar clássico e não vir nenhum diretor e transformar em palhaçada como foi com Exterminador do Futuro eheheh

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  2. Com certeza, Karina. Estragaram o Terminator. O próprio diretor deveria acabar por aqui, como fez o Robert Zemeckis com seu "De volta para o futuro". Ele disse que só fazem uma continuação por cima do cadáver dele (não foram essas as palavras, mas é por aí).

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