Círculo de Fogo e a estrada seguida por Guillermo Del Toro!!

Guillermo Del Toro é um sujeito esperto mesmo. E seu Círculo de Fogo está aí para provar isso. Você vai perceber se assistir a todos os seus filmes.
Del Toro (não. Ele não é parente de Benício Del Toro) sempre flertou com o cinema fantástico. Trabalhou na TV mexicana até chegar ao seu primeiro filme de sucesso, Cronos. Daí para o mainstream hollywoodiano foi um pequeno passo para esse gordinho de feições bonachonas. Dirigiu o bom Mutação, que tinha um quê de Kafka ao inverso, com Mira Sorvino ao lado de baratas gigantes que imitam seres humanos. Esse filme dividiu opinião, mas já mostrava o talento nato do diretor com a ficção científica. Felizmente, Del Toro era muito mais que um nerd fã de monstros. Ele tinha sensibilidade e demonstrou essa sensibilidade em seu filme seguinte, A Espinha do Diabo, uma instigante história de fantasmas passada num orfanato durante a Guerra Civil Espanhola, filmada em sua terra natal, México. Depois disso, ele voltou à Hollywood para o filme Blade 2, aquele com Wesley Snipes cheio de marra e com dentões e óculos escuros. Fez sucesso. Del Toro pagou as contas e partiu pro próximo trabalho, pois quem fica parado é morto. Fez outra adaptação de um personagem de quadrinhos, Hellboy, de Mike Mignolla e com o amigo Ron Perlman como o demônio do bem (mas muito brabo) que, junto de outros monstros incríveis, forma uma equipe de combate ao mal. Mas foi em 2006 que Del Toro conquistou de vez o seu lugar no panteão dos grandes do cinema, com seu Labirinto do Fauno. Nesse filme, uma brutal fantasia surreal, o diretor coloca novamente uma criança no meio da Guerra Civil Espanhola, literalmente, e a faz sonhar, e nós temos pesadelo com o peso dramático daquela história fantástica. Com vários prêmios nas mãos, Del Toro quis partir pra brincar com Hollywood, fazendo a continuação de Hellboy e depois se engajando na produção de pequenos filmes como O Orfanato. Del Toro foi cotado como nome certo na direção de O Hobbit, mas desistiu do projeto por causa dos atrasos da produtora, ficando apenas como um consultor.

Pacífic Rim ou O Círculo de Fogo.

Mais uma vez, Guillermo Del Toro volta a trabalhar com algo que realmente gosta: histórias de monstros. Em O Círculo de Fogo (que tem o mesmo nome de um ótimo filme de guerra com Jude Law e Ed Harris), Del Toro homenageia os super sentai japoneses, que são aqueles seriados vindos da terra do Sol Nascente, em que pessoas normais - mas nem tanto - controlam robôs gigantes em lutas contra monstros, como Changeman e Jaspion, entre outros. E posso dizer, com certeza: que homenagem.
Em certo momento do filme, quando um dos robôs puxa uma espada gigante, quase ouço aquelas trilhas de seriados japoneses. Retornei à minha infância de imediato.
Confesso que não esperava muito desse filme, mas resolvi dar um crédito ao currículo do diretor. Eu achava que fosse ver um Transformers, mas com monstros ao invés de só robôs. Via os traillers e dizia que esse negócio de efeitos especiais acachapantes não me impressionava mais, pois tudo já tinha sido visto em Transformers. Sim, tudo, menos a interação humana com os robôs.
O filme conta a história de imensos monstros que surgem no pacífico e começam a destruir as grandes cidades. Os humanos constroem grandes robôs para se proteger dos ataques. Mas o tempo passa, e os monstros vão evoluindo cada vez mais, e quando a história começa realmente, já se passaram anos.
Não é uma obra-prima, nem é um filme cheio de reviravoltas. É simples e fala direto, muitas vezes de forma piegas, no entanto, é dado bastante espaço para o desenvolvimento dos personagens, o que já é uma coisa boa em relação à correria desenfreada do filme de Michael Bay, onde os humanos nada mais eram do que objetos de cena, sempre fazendo alguma piadinha. Aqui, existe uma melhor profundidade, principalmente entre os personagens secundários. Mas existe previsibilidade, existem atuações medíocres, e existem grandes pieguices, só que bem aproveitadas numa mise-en-céne compreensível.
A direção de arte é um show à parte, pois vemos as roupas dos pilotos sujas e enferrujadas, bem como os robôs, dando a ideia do tempo de uso de tudo aquilo.
Faltou uma trilha sonora contagiante e um personagem principal realmente cativante, mas tudo bem. Estou aguardando agora o próximo filme do Del Toro, pois nesse eu confio.

Até a próxima

Roberto Dias

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vingadores - Guerra Infinita

Game of Thrones - O que houve?

listinha básica