Vampiros X Zumbis: a moda da vez. Cinema, literatura e TV.
Já há algum tempo, as nossas mídias de entretenimento estão sendo invadidas por seres de pele gelada e que tem como principal característica a atração pelo sangue e carne humanos: os vampiros e os zumbis. Bem, considerando que os seres citados já tem uma grande estrada percorrida, especialmente os vampiros, que tem seu mito contado há gerações de escritores e cineastas e já foram imortalizados por atores do calibre de Christopher Lee, do húngaro Bela Lugosi, e de Gary Oldman, enquanto que os mitos dos zumbis, niilistas, cujo objetivo é apenas seguir seu instinto e matar sua eterna fome, vem sendo contados há bem menos tempo, o momento agora é de fama para esses seres das trevas, que vem sendo conhecidos pelas novas gerações através da literatura e do cinema.
Agora, diante desse apocalipse, entre mortos(vivos) e feridos, vamos ver quem sai ganhando essa briga regada a muito sangue e pratos de cérebro humano.
Na literatura, os zumbis são relativamente desconhecidos do grande público, no entanto, a grafic novel Walking Dead os colocou em seu devido lugar, no panteão das histórias sombrias e sérias. Transformada em uma bem sucedida série de TV, The Walking dead conta a história de sobreviventes em uma infestação inexplicada de zumbis. O interessante do mote é que os zumbis não são exatamente o principal problema enfrentado pelos vivos, e sim os nossos iguais, dando uma apimentada a mais na trama, que conta o drama e desenvolve adequadamente cada personagem ali inserido. Posso citar aqui o livro World war Z, de Max Brooks, de 2006 e que conta uma inusitada guerra mundial entre vivos e zumbis. O livro ganha sua adaptação para o cinema este ano e será protagonizado pelo astro Brad Pitt. No Brasil, o escritor Alexandre Callari lançou a obra Apocalipse Zumbi, se tornando o mais conhecido dos livros brasileiros com a trama zumbi e que acabou se tornando uma trilogia, contando a velha, mas mesmo assim interessante, história dos seres humanos que tentam sobreviver a um mundo de desesperança e horror após uma infestação.
Com os vampiros, a história é diferente. Apesar de serem mortos-vivos, no sentido geral, o mito nos conta história de seres elegantes, cativantes e sedutores. A história de Drácula, do escritor Bram Stocker, nos traz a trágica saga do Conde Drácula, que renega a igreja e Deus, pelos quais lutou, após saber da morte de sua amada. Como maldição, ele foi condenado à vida eterna, sentindo uma intensa sede de sangue, principalmente humano.
Eu confesso que não curto os livros da "saga" Crepúsculo, de Stephenie Meyer, mas não tiro o valor da obra, já que através dela, muitas meninas (principalmente adolescentes) começaram a se interessar pelo mito, bem como pela literatura em si, mesmo que a escritora tenha desvirtuado todas as características dos vampiros criadas através dos séculos, sendo eles transformados em jovens inseguros(mesmo tendo centenas de anos de idade) e que, ao contrário do que ocorre com vampiros normais, não morrem à luz do Sol, mas sim brilham, como diamantes. Os quatro livros foram adaptados para o cinema nas mãos de cineastas até interessantes, como Catherine Hardwicke e Bill Condon, mas é notoriamente um filme para adolescente na puberdade, com bastante apelo pela beleza física dos atores envolvidos. Mas existe também os livros da escritora Anne Rice, sendo os mais conhecidos, entrevista com um Vampiro e A Rainha dos Condenados.
Mesmo considerando os pseudovampiros de Meyer, na literatura os vampiros ainda estão por cima, com livros interessantes e verdadeiras obras-primas.
No cinema, eu tenho que dizer que, considerando as obras vistas por mim, tenho maior preferência aos zumbis. Os filmes são infinitamente melhores e mais assustadores que os filmes de vampiros. Vamos a eles.
Me diverti muito quando assisti pela primeira vez um filme de zumbis chamado A volta dos mortos vivos, escrito e dirigido por Dan O´Bannon, um dos roteiristas criadores de Alien-O oitavo passageiro. Uma mistura bem realizada de terror e comédia. Como são as produções feitas nos anos 80 com baixo orçamento, o filme é trash até a medula e conta a história de um grupo que é atacado por zumbis em um cemitério após a liberação de um estranho gás que causou uma chuva ácida que despertou os mortos. Outro filme que me agradou muito foi o ultraviolento e nojentíssimo Fome animal. Tosqueira muito divertida criada por Peter Jackson, hoje conhecido por ter dirigido a saga O Senhor dos anéis, conta a história de um homem muito palerma que conhece o amor de sua vida e enfrenta a fúria ciumenta de sua mãe, superprotetora, que acaba se transformando em zumbi após ser mordida por um macaquinho raro ao perseguir o filho em um encontro às escondidas. O filme, entre outras maluquices, mostra uma inusitada transa entre um padre zumbi e uma enfermeira com o pescoço cortado, que gera o mais engraçado e sinistro zumbizinho de que se tem notícia. Tem também um intestino que persegue impiedosamente o protagonista da história.
Posso citar também o tenebroso Madrugada dos mortos, remake de O despertar dos mortos, de George A. Romero, e que gerou o maravilhoso Todo mundo quase morto, que é um filme realizado na Inglaterra e que parodia os filmes de zumbis com graça e inteligência. Todos esses citados faz uma interessante crítica ao consumismo e à forma rotineira da vida dos seres humanos. Sem falar nos filmes do citado George Romero, que praticamente inseriu os zumbis na cena cinematográfica mundial com o seu elogiadíssimo A noite dos mortos-vivos. Num lugar distante, um grupo fica acuado dentro de uma casa numa fazenda na tentativa de escapar dos seres comedores de cérebro. Ao final, muito pessimista, nos fica a pergunta: de quem devemos nos defender: dos humanos ou dos zumbis? Nota-se aí pesada crítica às diferenças sociais.
E quanto aos vampiros? Bem, os filmes de vampiros vem sendo produzidos desde o cinema não falado. Com certeza, o melhor exemplo é Nosferatu, de F. W. Murnau, que conta uma história parecida com a de Drácula, pois diz a lenda que os produtores queriam realizar uma obra baseada no livro de Stocker, mas não tiveram permissão para tal. Murnau então criou esse filme gótico, contando com lúgubre fotografia e com a interpretação icônica de Max Srheck, que Interpreta, com "I" maiúsculo mesmo, o Conde Orlof, que prende o jovem agente imobiliário Hutter (Gustav Von Wangenhein), enquanto vai a Bremen, na Alemanha por sentir uma irresistível atração pela esposa de Hutter, Ellen, interpretada por Greta Schroeder. O filme foi regravado por Werner Herzog em 1979, com Klaus Kinsky como o Conde Orloff. Eu não posso falar dos filmes do Drácula produzidos nos estúdios da Hammer, pois não cheguei a vê-los. Nos anos 80, os vampiros foram representados em filmes como A Hora do espanto e Os garotos perdidos. No primeiro, um sedutor vampiro, interpretado por Chris Sarandon, começa a frequentar a casa de seu vizinho bisbilhoteiro, chamando a atenção da mãe do garoto, seduzida pelo bebedor de sangue. No segundo, garotos descobrem que uma gangue que assola a cidade é composta por vampiros e chefiada por um homem que deseja se envolver com a mãe de um deles. O filme não é lá essas coisas (eu o considero o Crepúsculo dos anos 80), mas vale uma conferida.
Após o filme Entrevista com o vampiro, com Tom Cruise como o vampiro Lestat, e Brad Pitt, interpretando Louis e que também traz a atriz Kirsten Dunst, em início de carreira, como uma vampirinha pra lá de violenta e sedenta de sangue, tivemos A Rainha dos condenados, que, ao contrário do livro de Anne Rice, foi extremamente mal realizado, não agradando aos fãs do gênero e do livro. Depois disso, só posso citar mais dois filmes de vampiros dignos de nota, o primeiro é a Obra-Prima Drácula de Bram Stocker, concebida por Francis Ford Coppola, e o segundo veio das terras geladas da Suécia, Deixa ela entrar, de 2008, dirigido por Tomas alfredson, conta a história do envolvimento de uma garotinha com um garoto solitário. O filme insere um viés psicológico forte através de seus dois personagens principais, e diferentemente da saga Crepúsculo, fala de um amor entre uma vampira e um mortal de forma coerente, sem infantilizar ou debilitar seus personagens, como acontece com a famigerada saga de Stephenie Meyer. Aqui, as coisas são realmente complicadas, pois a sede da vampirinha gera uma série de assassinatos e um rastro de sangue que alcança o pequeno garoto de forma trágica.
Na televisão, além de True Blood, os vampiros saem ganhando, seja na comédia, com a série os monstros, seja no drama adolescente, com Vampire Diaries. Enquanto que os zumbis contam com a já citada série The Wlaking Dead, "apenas" um dos maiores sucessos da TV atualmente.
Nesse ínterim, quem sai ganhando são os fãs, que contam com ótimas histórias, seja em literatura, cinema ou TV. E você? Qual a sua preferência? me conta aí e até a próxima.
Roberto Dias
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