De Scorsese a Méliès - a magia do cinema

 Martin Scorsese, famoso diretor ítalo-americano, dirigiu clássicos incontestáveis, dentre eles, dois de meus filmes preferidos, Taxi Driver e Os Bons Companheiros. Então nem preciso dizer da capacidade que esse mestre tem de nos contar  histórias através de imagens. Porém, esse diretor se reinventa com o maravilhoso filme A Invenção de Hugo Cabret.
Por que eu digo que ele se reinventou? Scorsese é conhecido por obras que se aprofundam na psiquê de seus personagens, que são, na maioria das vezes, seres perturbados com o mundo onde vivem ou inseridos num mundo de violência e angústia. Os filmes de Scorsese são bem violentos em sua maioria. Cheios de cortes bruscos e com detalhes que beiram o psicodelismo. Com tudo isso, me surpreende a capacidade que ele teve de se virar para um cinema onde reina a magia e as boas mensagens.
Hugo Cabret é um garotinho que vive na torre do relógio de uma estação de trens. Ele costuma consertar coisas, como ele faz com o relógio. Também costuma praticar pequenos furtos pra se alimentar e conseguir as peças necessárias para o conserto de um autômato, uma espécie de robô, o qual seu pai, antes de morrer em um incendio, estava empenhado em consertar. O garotinho, em interpretação brilhante do ator Asa Butterfield, acaba se esbarrando com um velho vendedor. Esse homem o pressiona a devolver as coisas que roubou, dentre elas, um velho caderninho com desenhos que despertam no velho homem algum tipo de lembrança. Mas o garoto também é obcecado pelo caderno, o que o leva a conhecer uma menina, sobrinha do velho homem. Os dois então caem numa trama onde a busca pelo sonho é o mais importante.
A força da história se completa com as espetaculares atuações, em especial o menino e o velho, que é interpretado por Ben Kingsley. A história nos conduz à própria história do cinema, em especial à peculiar história do diretor francês George Méliès, que em 1902 lançou um pequeno filme chamado Viagem à lua. Contar mais seria estragar adoráveis surpresas. Mas é preciso dizer que Scorsese faz o espectador trilhar para as sensações que se tinha nos primórdios do cinema, para todo o encantamento que as pessoas tinham ao ver filmes que hoje nos parecem tão lentos e bobos. Mas assim como Méliès, Scorsese nos convida a entrar nesse mundo de sonhos e na forma como são feitos, não em termos de indústria, mas de obras de arte, de magia, daquilo que nos faz sair um pouco de tantas preocupações e nos faz viajar em atraentes absurdos. Onde cores, sons, e aventuras se mesclam de forma a nos tornar parte de um outro mundo.

P.S.: Recomendo, pra quem gostar desse filme, Ed Wood, de Tim Burton.

Roberto Dias

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