Tropa de elite: mais que um filme de polícia e bandido
Eu estava assistindo "Tropa de elite 2" e percebi ter assistido a um dos melhores roteiros produzidos pelo cinema nacional, se não, o melhor.
No primeiro filme temos o nosso primeiro herói, Capitão Nascimento (brilhante caracterização de Wagner Moura) enfrentando os violentos traficantes do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que procurava um substituto para o seu cargo, encontrado na figura do aspirante Neto (Caio Junqueira), que, junto de seu amigo e companheiro de apartamento, o aspirante Matias (André Ramiro), resolvem entrar pra força de elite da polícia militar do Rio de Janeiro, o temido BOPE. Na trama, sobram farpas pra tudo quanto é setor da sociedade. A própria polícia, que é um órgão jogado às traças, comandado por corruptos e integrados por pessoas sem a menor ética moral ou vontade de fazer o bem sem que haja interesses próprios. Os jovens integrantes de ONG que sobem o morro com o falso pretexto de ajudarem crianças e adolescentes carentes, mas que escondem jovens e ricos universitários, que fazem parte de um grupo de intelectuais e se aproveitam de sua situação para comprar e vender drogas. O governo, mostrado como uma entidade integrada de pessoas sem escrúpulos e que usam o poder apenas para benefício próprio.
O primeiro filme é ótimo. Tem tudo o que um bom filme de ação precisa, mas o segundo beira a perfeição. Ele não só completa o roteiro do primeiro, mas também eleva a força crítica deste à enésima potência.
Dificilmente um filme teria coragem de falar mal daquele que o alimenta, que é o Governo. Aqui, vemos o Capitão Nascimento, agora Coronel, numa situação muito mais delicada do que enfrentar apenas um traficante. Agora, como ele mesmo diz no filme, ele quer acabar com o próprio sistema. Aí é que entra a força e inteligência desse roteiro brilhante tecido pelo experiente Braulio Mantovani. O sistema é o governo. Nós, o povo, o alimentamos e criamos. O sistema se volta contra nós quando ele quer. O filme resolve as questões do nosso herói, mas deixa em aberto o que gostaríamos realmente que tivesse fim. A corrupção continua, quando elegemos Deputados simplesmente porque ele nos deu uma cesta básica, ou fez uma festa em nossa comunidade, ou abriu uma escola, que funciona precariamente. Alimentamos quando nos aproveitamos de um gato na TV a cabo, quando compramos um produto contrabandeado. Cada coisinha que fazemos contra a lei, leva milhares de pessoas inocentes e outras tantas se tornam bandidos que tememos. O povo paga. O povo sofre. O povo se cala. Vemos ali a realidade. Sabemos disso, mas não dizemos uma só palavra, até que algo nos atinja. O povo brasileiro é de um egocentrismo intrigante e egoísmo mais intrigante ainda. Quando penso nas contas que um professor faz no iníco do filme (esse professor se torna peça importante com o desenrolar da trama), imagino o que será de nossos filhos e netos se não fizermos algo. Assista e não se prive de pensar. Aliás, não deixe de agir também.
Durden Boy
certo de que o Universo continua
No primeiro filme temos o nosso primeiro herói, Capitão Nascimento (brilhante caracterização de Wagner Moura) enfrentando os violentos traficantes do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que procurava um substituto para o seu cargo, encontrado na figura do aspirante Neto (Caio Junqueira), que, junto de seu amigo e companheiro de apartamento, o aspirante Matias (André Ramiro), resolvem entrar pra força de elite da polícia militar do Rio de Janeiro, o temido BOPE. Na trama, sobram farpas pra tudo quanto é setor da sociedade. A própria polícia, que é um órgão jogado às traças, comandado por corruptos e integrados por pessoas sem a menor ética moral ou vontade de fazer o bem sem que haja interesses próprios. Os jovens integrantes de ONG que sobem o morro com o falso pretexto de ajudarem crianças e adolescentes carentes, mas que escondem jovens e ricos universitários, que fazem parte de um grupo de intelectuais e se aproveitam de sua situação para comprar e vender drogas. O governo, mostrado como uma entidade integrada de pessoas sem escrúpulos e que usam o poder apenas para benefício próprio.
O primeiro filme é ótimo. Tem tudo o que um bom filme de ação precisa, mas o segundo beira a perfeição. Ele não só completa o roteiro do primeiro, mas também eleva a força crítica deste à enésima potência.
Dificilmente um filme teria coragem de falar mal daquele que o alimenta, que é o Governo. Aqui, vemos o Capitão Nascimento, agora Coronel, numa situação muito mais delicada do que enfrentar apenas um traficante. Agora, como ele mesmo diz no filme, ele quer acabar com o próprio sistema. Aí é que entra a força e inteligência desse roteiro brilhante tecido pelo experiente Braulio Mantovani. O sistema é o governo. Nós, o povo, o alimentamos e criamos. O sistema se volta contra nós quando ele quer. O filme resolve as questões do nosso herói, mas deixa em aberto o que gostaríamos realmente que tivesse fim. A corrupção continua, quando elegemos Deputados simplesmente porque ele nos deu uma cesta básica, ou fez uma festa em nossa comunidade, ou abriu uma escola, que funciona precariamente. Alimentamos quando nos aproveitamos de um gato na TV a cabo, quando compramos um produto contrabandeado. Cada coisinha que fazemos contra a lei, leva milhares de pessoas inocentes e outras tantas se tornam bandidos que tememos. O povo paga. O povo sofre. O povo se cala. Vemos ali a realidade. Sabemos disso, mas não dizemos uma só palavra, até que algo nos atinja. O povo brasileiro é de um egocentrismo intrigante e egoísmo mais intrigante ainda. Quando penso nas contas que um professor faz no iníco do filme (esse professor se torna peça importante com o desenrolar da trama), imagino o que será de nossos filhos e netos se não fizermos algo. Assista e não se prive de pensar. Aliás, não deixe de agir também.
Durden Boy
certo de que o Universo continua
Gostei da tua análise beto, eu também particularmente adoro a teia ke interliga essa trama, e de como ela choca. O fato de como ele3 descreve o sistema, é muito facil culpar o sistema, ele é um orgao impessoal, Lembra-me muito um trecho da música do Humberto "Somos quem podemos ser" que voce com certeza conhece, vai de encontro com o que dizes, fala sobre a influencia da mídia e sobre a culpa.
ResponderExcluir"Quem ocupa o trono tem culpa,
Quem oculat o crime também,
Quem duvida da vida tem culpa,
E que evita a dúvida também tem..."
Culpamos aquilo que chamamos de sistema, sem se tocar de o quanto fazemos pate dele.
Certíssmo, Maylla... o truque dos espertos é ensinar ao povo que eles não participam do sistema, daí ninguém age diante dessa gigantesca sacanagem
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